quarta-feira, 1 de junho de 2011

brincando com os poetas

Eu, singela leitora, enquanto leio, no silêncio me refugio.
E , numa noite serena de inverno,  emergiu aos meus ouvidos o bulício
De dois poetas maiores que, sobre seus destinos amargurados,
Discutiam. Quedei a leitura e embrenhei-me em seus fados .

“Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu.
Assim vivo, Meus fados
Me desarreigam d'alma a paz e o riso,

Vinde cá, meu tão certo secretário
Já me desenganei (…) de queixar-me,
Não se alcança remédio…
Como tu, junto ao Ganges sussurrante
Da penúria cruel, no horror me vejo.

Eu não, mas o Destino fero, irado,
Fez-me deixar o pátrio ninho amado,
Passando o longo mar, que ameaçando
Tantas vezes me esteve a vida cara.
Mas, já que para errores fui nascido,
Vir este a ser um deles não duvido.

Como tu (…)
Também carpindo estou
Sem causa, juntamente choro e rio;
O mundo todo abarco e nada aperto.
Se me pergunta alguém porque assim ando,
Respondo que não sei;
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo

As sem-razões digamos que, vivendo,
Me faz o inexorável e contrário
Destino,
Sacrifiquei a vida a meu cuidado.

Eia! Acode ao mortal que, frio e mudo,
Oculta o pátrio amor.”
E eu acordei deste êxtase de dor,
Acudi a Bocage e a Camões
E ingressei no seu universo de paixões.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Dia dos Namorados

Saúdo a todos os namorados

Valorosos, a quem o amor trespassou
A alma e atingiu o coração de forma
Leve ou profundamente,
Enraizando-se.
Nele se criam laços
Tão fortes que todo o ser é
Invadido pelo desassossego.
Mas vale a pena!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Nossa Senhora de Lourdes

Tão bela estás, Senhora,
Na tua gruta sagrada,
Foste e és, em cada hora,
Pelos Teus crentes, louvada.

Bernardette foi a primeira
Que teve a sorte de te ver
E agora a Terra inteira
Visita-Te para agradecer.



terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Sementeira

Amanha a terra, pega no arado e lavra.
Com tempo e inspiração, ficará perfeita!
Tudo preparado! Semeia nela a palavra
E  verás quão  proveitosa  será a colheita.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Almeida Garrett

Celebra-se hoje o aniversário deste grande poeta, romancista e dramaturgo português, nascido na cidade do Porto a 4 de fevereiro de 1799.



A um Amigo

Fiel ao costume antigo,
Trago ao meu jovem amigo
Versos próprios deste dia.
E que de os ver tão singelos,
Tão simples como eu, não ria:
Qualquer os fará mais belos,
Ninguém tão d’alma os faria.

Que sobre a flor de seus anos
Soprem tarde os desenganos;
Que em torno os bafeje amor,
Amor da esposa querida,
Prolongando a doce vida
Fruto que suceda à flor.

Recebe este voto, amigo,
Que eu, fiel ao uso antigo,
Quis trazer-te neste dia
Em poucos versos singelos.
Qualquer os fará mais belos,
Ninguém tão d’alma os faria.

Almeida Garrett, in 'Folhas Caídas'